quinta-feira, 4 de março de 2021

Doença social

 Em tempos de pandemia, fiz uma analise da doença social.



    Essa doença nasceu no século XVI e começou silenciosa, roubando a identidade de um grupo de seres que conviviam em estado gregário e em colaboração mútua, sem parecer deixar sequelas, consciente das marcas eternas que deixariam no corpo da história e sem qualquer tratamento intensivo após o placebo dado como forma de abolição. A doença ficou conhecida como escravidão e deixou sequelas eternas nos DNA’s daquelas pessoas que, consequentemente foram passadas para as posteriores gerações. São marcas visíveis a olho nu e cicatrizes gigantescas daquelas fraturas expostas e negligenciadas pelos responsáveis.


    Hoje, no século XXI, saímos às ruas e ainda a enxergamos. Enxergamos as sequelas nos preconceitos conhecidos, nos pré-conceitos estipulados, nas diferenças econômicas, nas diferenças de tratamentos, nas diferenças de oportunidades, nas diferenças de sociais, nas diferenças de espaço, entre outras inúmeras. E os Médicos Gerais Responsáveis, não tratam a doença, eles culpam os pacientes como se a responsabilidade fosse daquele que sofre os sintomas da enfermidade. Tratam o doente como doença, no intuito de não tratar a raiz do mal social (que mata um grupo grande de pessoas com as mesmas características) desde os séculos passados.


    E é nesse ponto que entram os Médicos Especialistas. Aqueles médicos que têm a sensibilidade de tratar o paciente em si, enxergando a doença não curada, entendendo as dificuldades decorrentes, conhecendo as peculiaridades e a individualidade de cada um de seus pacientes. Esses são os médicos que demostram que a doença não tem cura, mas lutam pela diminuição das sequelas deixadas por ela, realizando o tratamento adequado para cada caso, compreendendo a realidade vivida de cada um e buscando os remédios efetivamente eficazes: justiça, acolhimento, compreensão, oportunidade, confiança, educação, cultura e arte.


    Enfatizando que, quanto mais cedo esse paciente for educado para compreender a doença social que vive, deixando claro que ele é o paciente e não o culpado, maior será o índice de recuperação e menor o índice de reincidência hospitalar.

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