sábado, 11 de abril de 2020

presa nas tuas leis

decidi por te deixar. 
a gente teve um relacionamento lindo enquanto as coisas nos eram compatíveis... minhas vontades, tuas dedicações, meu pensamento, tua forma de me dizer as coisas, minha ânsia de te entender, tua disponibilidade em me ensinar. meus dias, meus momentos, meus pensamentos e teus inúmeros livros.

acabou sabe? o nosso ciclo se encerra e te encerro com uma vontade enorme de gritar ao mundo que tudo foi incrivelmente bonito.
foi.

essa pessoa que lhe escreve, e que pouco sabe da vida, só existe hoje pelo nosso longo relacionamento. e isso, não existe tempo do mundo que tire de mim. 
tá marcado, grifado, fotografado e pendurado num quadro, em cima da minha mesa da sala.
e eu sempre soube que nada me sufocava mais do que a não possibilidade de liberdade. eu preciso voar! e nesses últimos tempos observei que vem me tirado o que eu tenho de mais bonito: as asas.
eu gosto de me expressar de forma livre eu preciso viver sem padrões a seguir. eu gosto de entender o porquê das coisas acontecerem e não como elas funcionam. até porque nada que existem nas tuas regras, de fato, existe.

é tudo teoria. tu é, em toda tua forma, hipótese. nada concreto mas tudo, absurdamente, lindo.
eu quero poder pensar fora da caixa, longe das especificações e distante dos moldes. eu já entendi todos os teus princípios, costumes e normas. tá tudo aqui e vou embora levando tudo junto.
contigo, ando me sentindo sem ar, sem espaço para ser eu e sem identidade.
eu não sei mais quem sou mas eu sei que não sou mais tua.
por anos fui, inteira, completa. 

mas hoje, sendo inteiramente outra pessoa,  das inúmeras pessoas que ainda serei, não me sinto mais completa.

preciso te deixar. preciso me encontrar. preciso me distanciar de tudo que vivemos até aqui e tocar mais profundamente o meu interior.
eu me sinto presa pelas tuas leis. logo elas que em todos os casos servem pra beneficiar o acusado. não preciso de julgamentos nem sustentações orais.
eu não tenho mais o que falar. eu já te ouvi. eu já te possibilitei 2 instância mas, no nosso caso real, eu preciso da tua absolvição.

não é crime. e em respeito a tudo que tivemos até aqui, a todos esses anos que caminhamos lado a lado por um objetivo comum, te liberto. 
te liberto de mim. te entrego ao tempo e te peço compreensão. eu continuo aqui, com tudo que me proporcionaste e com um carinho gigantesco pelo que vivemos.
mas hoje, por mim, me solto dos teus artigos e excessões para buscar algo que me prenda em mim e eu posso ser livre pra ser quem sou: solta. 




eu estava presa no direito de não poder mudar.

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