quarta-feira, 30 de março de 2016

O que mantem ele vivo


Era verão, fazia calor e chovia. A festa estava completamente lotada e pouco dava pra se mexer. Até que ele surgiu e aquela amiga em comum nos apresentou. Já nos conhecíamos de vista, muitas vezes nossos caminhos se cruzavam na faculdade e entravamos na mesma sala de aula. Eu já havia notado ele há tempos atrás. Ele sentava no meio da sala na fileira da esquerda e eu no canto. Ele parecia focado e de pouco assunto. Parecia, até aquela noite de janeiro onde conversamos a noite inteira. Ele me fazia sorrir e eu me sentia confortável com a forma que ele me tocava. Ele foi muito diferente do que eu pensava e depois do nosso beijo não desgrudou mais de mim. Aquilo até acabou me incomodando pelo fato de que eu não queria nada mais do que um momento.
Mas ele não deixou por isso. No outro dia me ligou perguntando quais eram os planos da noite e eu mal respondia. Fiz pouco caso e não estava disposta a vê-lo. Até a minha volta da praia. Ele tem a mania de ligar e isso me deixava intrigada. Com tantos meios de nos falarmos via mensagem ele insistia em se fazer ouvir. Ele me convidava pra sair e sempre tinha coisas pra fazer. Nunca dava. Até que um dia, durante a semana, eu resolvi aceitar o programa com ele e tive a impressão de ser a nossa primeira vez. Sim, era a primeira vez que eu queria ele por inteiro e não só por um pedaço da noite. Fomos jantar e passamos o resto da noite na casa dele. Não tinha ninguém em casa e aquela casa de dois andares era toda nossa. Ocupamos apenas um parte dela: o quarto dele.
Foi lá que tudo começou. Não sei ao certo explicar quais atitudes me deixaram envolvida mas a forma como ele fazia graça, me fazia sorrir com os olhos. E ele não parava, agitado. As mãos deles pareciam ter um motor e ele falava o tempo inteiro. Voltei pra casa com um vontade de ser mais dele que não conseguia entender de onde tinha vindo.
E ele continuou a me procurar e nos encontrávamos na faculdade. Ele sempre com uma cara de sono e um sorriso de canto. Nós continuávamos a sair. E aquela necessidade de dar pra ele o que ele me proporcionava aumentava. Me sentia como se nada mais importasse estando ao lado dele. A hora passava tão rápido que aquilo até nos assustava. Nossos assuntos sempre fechavam e as vontades também. Era como se a gente já se conhecesse há tempos e de fato, já nos encontrávamos nos corredores ou dentro de uma sala de aula.
E tenho que dar os parabéns à ele. Ele sabe como exatamente como manter alguém interessada. É uma mistura de carinho na medida certa e espaço pra sentir saudade. Ele liga, chama pra sair e parece não se importar quando eu me faço de desinteressada. Mas sabe muito bem envolver quando estou disposta a me entregar pra todas as aquelas vontades inacabadas.
Me olha de longe e sorri. Passa por mim e me para. Entra no elevador comigo e conversa. Existe algo que me deixa sempre em dúvida. E isso que mantem ele vivo! Tem vezes que minha vontade é de mandar ele pra outro planeta mas ele sabe como chegar e fazer com que eu esqueça todas as minhas insatisfações. Complico, rabugento, instável e imprevisível; gêminiano com todas as características bem afloradas. Ele me tem e não tem certeza disso. Eu estou sabendo jogar esse jog dele de vai e vem e talvez por isso ele sempre volte. Ainda aguardo o dia em que ele vem e definitivamente, fique. / a.v

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