quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Noite de sábado, estou na praia com alguns amigos e umas garotas que acabei de conhecer. Estamos caminhando pelas ruas da cidade quando eu começo a reparar em uma delas, a que está caminhando um pouco mais à minha frente. Ela tem uma peculiaridade, algo que me chama atenção, me deixa desconfortável. No começo não entendo muito até que me cai a ficha: ela me lembra você.

Paro e me pergunto o porquê de tu ter invadido minha mente justo naquele momento meio bêbado, meio chapado, meio desatento. Perco alguns segundos desatinados até que uma voz me puxa de volta pra vida: “eaí, vai passar o copo ou não?”, respondo: “oi?”, e a voz devolve: “iih, já entrou em outro mundo”.

Não entrei em outro mundo, entrei no meu mundo, aquele que eu guardo a minha melhor e pior parte, aquele que eu te mostrei, sabe? Nunca entendi muito bem o que se passa ali e não faço a mínima ideia do que tu tá fazendo ali. Eu tinha te colocado para fora, te limpado e fechado a porta quando disse para mim mesmo que aquela era a última vez.

Adiantamos o tempo em uns 6 dias e algumas horas: estou me vestindo no meu quarto, enquanto uma garota me olha deitada na minha cama. Olho para o lado e vejo um beck queimado até a metade, penso “não deveria continuar fumando”. Pego o isqueiro e o acendo. Sou transportado novamente para o meu mundo, e mais uma vez eu te vejo ali, linda daquele jeito que sorriu para mim quando deitou no meu peito. Merda. Sabia que não devia ter fumado, mas teu sorriso é tão bonito.

De novo uma voz me puxa para realidade: “o que houve?”. Respondo: “nada, só estou pensando”. A voz diz: “pensando no que?”. Digo: “Em nada, é só eu e meus pensamentos”. Só eu e meus pensamentos, isso que me tornei. Ela começa a se vestir e pergunta se deve ir embora, respondo que sim. Sei que provavelmente nunca mais repetiremos isso, mas que diferença faz?

A porta da minha casa fecha e eu estou sozinho com minhas lembranças. Pego um copo e me sirvo de whisky. Eu odeio whisky, mas faz tanto sentido beber um copo quando me sinto dessa forma. Acabo o copo, acaba a sobriedade, acaba a solidão, e a única coisa que não acabou foi o teu sorriso na memória.

Hora de seguir em frente, digo a mim mesmo. Tomo um banho, me visto e me preparo para sair, essa hora a noite já está me chamando e eu acabei de me lembrar que eu e ela temos uma relação tão boa. Pego a chave do carro e te deixo para trás, sei que uma hora tu vai aparecer de novo nos meus pensamentos pra me lembrar de tudo, mas não agora. Porque as coisas passam, os dias mudam, os ares se tornam novos e a vida continua, com ou sem qualquer um. / L.S

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