quinta-feira, 23 de junho de 2022

Nova temporada da história da minha vida

Geralmente a gente sabe quando um novo capitulo da história começa e muitas vezes a gente entende o porquê de ele ter se encerrado. Olhando pra trás consigo identificar quase todos os caminhos que percorri e aonde eles me levaram. Admito, poucas vezes eles foram tão decisivos quanto esse que, recentemente, se iniciou. A última vez que vivi algo assim, foi quando me formei na faculdade e dei um até logo ao mundo acadêmico.  

Muita coisa teve de acontecer para que eu pudesse ter a certeza de que era o fim de mais uma fase. E contando ela como se fosse, de fato, uma história que tivesse no netflix, escolho como trilha sonora de abertura da nova temporada da história da minha vida, a música "perdoa" da AnaVitoria (leia esse texto ouvindo essa música).

E essa nova temporada se iniciou na minha última ida ao Rio de Janeiro, em abril de 2022. Foi lá, o início do fim. Aquela prova de residência jurídica, aquela vontade de viver aquele lugar, aquela ânsia por me encontrar naquilo e todas as luzes daquela cidade. Tudo junto! Tudo em mim. 

Aquele encontro, aquelas conversas, aquelas horas, aquela pessoa. Aquele gol do Fluminense. Aquele uber, aquela chuva, aquela noite de pedra do sal, aquela movimentação, aquela distância e aquele tempo perdido no trânsito. 

Aqueles dias nublados, aquela porta que não fechava sem chave, aquele silêncio do prédio, aquele barulho de sirene. Aquela ida até o mercado, aquelas buzinas ensurdecedoras, aquele olhar triste do morador de rua e aquela confusão para conseguir atravessar a hora. 

Por óbvio, não era meu lugar! Não por ora. Toda aquela bagunça não me era nada atrativo. 

Vivi um Rio que não conhecia e voltei pra casa decidida: viver a dois. Viver a vida na companhia diária de um outro alguém. Ceder a possibilidade de viver sozinha e ganhar a certeza de nunca mais estar só. Viver o eterno encontro de todas as manhãs e o abraçar quentinho de todas as noites. Dividir as contas, as risadas, as preocupações e as comidas. Ser responsável, ser compreensível, ser boa ouvinte e ter péssima memória. 

Com aquela volta, optei por enxergar meus erros, admitir meus erros, me desculpar pelos meus erros e consertar a relação. Não descartar tudo por conta de um problema solucionável com diálogo. Voltei decidida a andar de mãos dadas no frio de 9 graus que faz em Porto Alegre e dividir o mesmo espaço da cama pra conseguir esquentar a ponta dos dedos dos pés. Voltei determinada a ter uma chave de casa nova e um lugar aconchegante para viver a dois. 

De fato, durante esses últimos 2 anos, ele seguia sendo minha morada. Por mais que eu me perdesse no caminho do nosso encontro, era sempre ali que eu me sentia em casa. E era assim que ele me fazia sentir, dentro do meu lugar do mundo - ainda que eu tivesse a certeza de que esse lugar fosse no RJ -. 

Ele trouxe pro sul toda a beleza do Rio e aquela minha vontade de viver perto do Cristo, sumiu, quando me dei por conta que naquela cidade não existia mais a possibilidade de encontro com ele. Por mais que eu tivesse tentando encontrar alguém que me fizesse querer ficar pra sempre por lá, nada daquela abundância luxuosa fez com que eu me sentisse confortável.

Ele aceitou a minha construção cheia de defeitos e consertou aquilo que vivia quebrando (igual ele faz com as coisas aqui de casa). Ele fez, mais um vez, eu sair da minha zona de conforto e conhecer uma nova forma de encontrar com a vida. Viver em companhia. Pensar em planos divididos. Ter sonhos em comum. Ressignificar o verbo "casar" e substitui-lo pelo substantivo "morada", onde podemos unir a ele a possibilidade de sermos eternamente namorados.


Até que a morte nos separe.

a gente entenda que viver assim seja o melhor para nós.


Início dessa nova temporada: 15/05/2022.

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